O balanço

Balançando,balançando...poderia morrer ali ou o mundo acabar naquele segundo eu continuaria alí...choveu,choveu, Choveu e eu comecei a sorrir como nunca.Senti cada pingo de chuva beijando meu corpo.Eu senti.Mas não parava de balançar não podia parar, aquilo era tão bom.O refrescante ar foi passando.
Parou de chover
E eu ali toda molhada percebi que o mundo era mais mundo...que os galhos secos estavam escharcados por minha causa ,eu tinha feito chover ..eu sozinha...sozinha....sem ninguém olhando...sozinha
Derrepente volta aos meus ouvidos o ranger das cordas, e rangem cada vez mais alto,alto.Alto.Um grito trovador de meu pai desintegra o silêncio,a corda arrebenta ...e eu vôo,pairo no ar.Alto. Saio em busca da chuva,do ar gelado... e quando caio no chão.Tudo volta ao seu lugar.
Meus pensamentos não são mais meus, agora, são de meu pai.Me mandando levantar e ir para o moinho aos berros...eu alí parada em choque não sabia o que fazer! não sabia obedecer!!...deitei no chão e em um gesto de menina taquei terra em suas costas ,ele olhou para trás,eu ainda fora de mim comecei a rir, e ele olhando para mim sem reação vendo como eu dava risada...Começou a rir também...nunca tinha visto meu pai rir...numa mesma sintonia ...rimos, eu brincando com a terra e rolando no chão...meu pai sentou com a mão no ventre e começamos a brincar... os dois, rolávamos e pulavamos debaixo do sol que agora nos olhava firmemente com curiosidade...num instante a risada foi indo , indo ,foi.Paramos, meu pai se levantou espanou o ombro e entrou em casa sem dizer uma só palavra.
Depois de alguns minutos abri os olhos ...e me vi aqui.
Mais um texto de qualidade indiscutível. Você conseguiu arrancar-me uma torrente de sentimentos que até então eu desconhecia, desde uma nostalgia incontrolável da infância com seus múltiplos balanços até um enternecimento profundo com a relação entre pai e filha, tudo isso pontuado pela magnitude da última frase, carregada daquela genialidade de que só grandes escritores são capazes de dispor, como, certamente, é o seu caso. Agradeço-lhe por proporcionar a humildes leitores como eu mergulhar nessa incrível viagem. Beijos, até mais.
ResponderExcluirme lembrou muito do filme abril despedaçado, pelo simples ser tão grosso e seco.
ResponderExcluirO MUNDO ERA MAIS MUNDO , MUITO BOM