Perfeição
E as portas batiam, uma de frente a outra, simultâneamente. Batiam. Eram verdes, esculpidas talvez pelo mesmo artesão. Suas trancas, maçanetas e fechaduras eram douradas com detalhes em volta de florzinhas. Tinham as mesmas falhas ,as mesmas rranhuras, os mesmos buracos, a mesma vivência, a mesma vigilância , a mesma história e a mesma certeza. Os dois abrião a porta repetidamente e sempre batiam. Os dois se encontraram no corredor e trocaram o mesmo olhar, se coencidião. Ela era viúva, vestia preto, ele era estudante, vestia preto.Ela o repreendia por algo, acho que pelos outros com quem morava. Enquanto os olhares contornavão um ao outro, ela desenvolvia movimentos absurdos de braços , cabeça e quadril que evoluiam com passar dos olhos, pois então resolveu entrar numa volta rápida, subitamente, batendo sua porta contra ele. Ele, parado, assustado com aquela performance se via preso ao chão que era de uma cor escura, como tudo ao redor; Não andava, estava sem forças, humilhado. Morav...